Aconteceu no dia 25 de maio de 2020, durante a pandemia do coronavírus, o assassinato do afro – americano, George Floyd, 46 anos, pelas mãos, ou melhor, joelhos de um policial branco, de Minnesota, EUA.
O policial de Minnesota prendeu a respiração de Floyd aproximadamente oito minutos, ao pressionar o pescoço dele contra o chão, com um joelho, sem respeitar seu pedido para o largar. "I can't breathe", disse, várias vezes. Isso foi ouvido e visto num vídeo amador, feito por um celular.
Derek Chauvin, o policial assassino, foi detido no dia 29 de maio de 2020, tendo já sido acusado de homicídio em terceiro grau. Ele agiu contra Floyd por este ter tentado usar uma nota falsificada de 20 dólares. No histórico do agente contavam-se 17 queixas, tendo 16 sido arquivadas.
Protestos violentos revelam a revolta e a tensão da comunidade americana contra o racismo. Em Los Angeles, por exemplo, houve três carros da polícia incendiados; em Nova Iorque, de acordo com a "Bloomberg", os manifestantes dirigiram-se a uma delegacia, bloquearam as ruas e confrontaram os policiais; em Atlanta, viram-se conflitos entre manifestantes e policiais diante da sede da CNN, que ficou danificada; em Washington, milhares de pessoas juntaram-se diante da Casa Branca.
Fatos como esse dos EUA, não são diferentes dos que acontecem em território brasileiro. Isso revela o vírus do preconceito ainda dentro da sociedade moderna e globalizada de hoje. O homem conseguiu domar os animais aquáticos, terrestres e do ar, mas ainda não aprendeu o domar a si próprio!
A História não narra os feitos dos heróis das culturas dominadas. Bem escreveu Bertold Brech:
“Quem construiu a Tebas das sete portas? Nos livros constam os nomes dos reis. Os reis arrastaram os blocos de pedra? E a Babilônia tantas vezes destruída quem ergueu outras tantas? Em que casas da lima radiante de ouro moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros na noite em que ficou pronta a Muralha da China? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo (...)”.
Comemoramos, no dia 21 de abril (feriado nacional), o dia de Tiradentes, o alferes precursor da independência; mas não nos lembramos do dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares (capoeirista e líder da resistência negra).
Neste último, o ideal de liberdade evocado é de um negro (cultura dominada) que liderou e deu sua vida pelo Quilombo dos Palmares (na região do Estado de Alagoas) – pela Liberdade. A Janga Angola, como era conhecido o quilombo, sinalizava a possibilidade de serem felizes e de viverem em igualdade.
Quem trabalhou nos canaviais durante tanto tempo sustentando a economia da Colônia Portuguesa? Quem semeou as mudas de café fazendo de São Paulo uma potência nacional? Quem sustentou as vaidades da nobreza brasileira e da família Real, aquando de sua transferência para a colônia; ainda sob o ‘calor’ da chibata do feitor?
Durante gerações os negros deram suas vidas para que seus dominantes tivessem mordomias. A História, escrita pelos brancos, omitiu a responsabilidade da construção de seus sonhos pelas mãos de povos escravizados.
Falar da abolição da escravatura no Brasil é a mesma coisa que falar em D. Pedro I proclamando a independência do país às margens do Riacho Ipiranga. Tudo não passa de um belo conto pra enfeitar a História desse país. De bonita não tem nada. Para ser mais direto é uma farsa!
Infelizmente, escolas repetem o discurso da elite dominadora, como se delas fossem e alienam as crianças (o futuro) com suas fábulas. A metrópole estaria realmente preocupada com os que viviam aqui? Ou haviam interesses por de trás?
Em 7 de Setembro, ao voltar de Santos, junto às margens do Riacho Ipiranga, D. Pedro recebeu duas cartas: uma de José Bonifácio de Andrade e Silva (patrono da independência e grão-duque da maçonaria), que o mandava romper com Portugal, e a outra de Maria Leopoldina de Áustria, sua esposa, apoiando a decisão do ministro e exortando: "O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece". O que se percebe aqui?
Tão claro como a água límpida, um membro da família real sob ordens maçônicas, manipulado por interesses diversos de um grupo dominante (Inglaterra e seus aliados). Assim foi proclamada apenas a independência política do Brasil. Isso daria direito ao país de negociar livremente seus produtos com outros e tecer leis para consolidar-se nação soberana. Indiretamente, a metrópole continuava a dominar sua ‘colônia’ brasileira e, por sua vez, sendo manipulada pelos ingleses.
Da mesma forma, a princesa Isabel, filha do imperialismo brasileiro, juntamente com o ministro da agricultura da época, conselheiro Rodrigo Augusto da Silva, filho de aristocratas brasileiros, co – autor da lei; distantes das necessidades, do sofrimento e das dores dos negros; de repente, de bom grado, liberta todos os escravos através da Lei Áurea. Lei que foiaprovada no dia 13 de maio de 1888, com a assinatura da regente do Brasil, a princesa Isabel. Caridade?
Não ouvimos falar nas escolas sobre a Inconfidência Baiana; a vida de Ganga Zumba ou mesmo de seu sobrinho Francisco, mais conhecido pela alcunha de Zumbi. A História sempre a favorecer os “faraóis” em detrimento dos escravos.
História
Nos primeiros engenhos de cana-de-açúcar da capitania de São Vicente trabalhavam negros africanos, conforme a opinião de vários historiadores. Alguns autores também julgam que a caravela encontrada por Martim Afonso de Souza, na Bahia, em 1531, já se empregava no serviço de transporte de escravos.
Com o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, a metrópole concedeu a cada senhor de engenho o privilégio da introdução de escravos africanos da Guiné e da ilha de São Tomé, em número de 120 para cada engenho. Tal permissão contava com o apoio da Igreja Católica que restituiu a ‘alma’ aos índios (antes escravizados, por não terem ‘alma’, segundo a Instituição Romana), substituídos pelos negros; estes, agora, sem ‘alma’, portanto, podendo ser escravizados.
O tráfico continuou. Não só na Bahia e em São Vicente, mas em todas as capitanias, chegou aqui uma aluvião de negros escravos, provindos da Guiné, do Congo, de São Tomé, da Costa da Mina, e mais tarde de Moçambique, Angola e de outros pontos da África.
Desde os tempos coloniais até os nossos dias, houve designações populares de Nagô, Mina, Angola, Moçambique e outros, o que indicava vagamente os pontos do continente africano de onde provieram os negros. Para o senhor branco, não havia povos negros, mas apenas o negro escravo.
Os senhores de escravos juntavam os negros de regiões diferentes da África, com a finalidade de dificultar a comunicação entre eles. Pensavam que assim impediriam uma possível revolta. Com o passar do tempo os filhos dos escravos desenvolveram um dialeto para estabelecer comunicação e as diferenças que existiam de uma tribo para outra foram esquecidas.
As gerações que se seguiram deram mais trabalho para seus senhores. Com um novo dialeto, diferenças esquecidas e o desejo de liberdade em ebulição, fizeram da capoeira (dança de origem religiosa) sua arma e, ensinavam pros seus filhos essa defesa pessoal. Inúmeras fugas possibilitaram o contato de negros com os índios, ampliando o conhecimento das florestas, do interior do continente.
O estabelecimento dos quilombos (sociedade organizada, em que muitos negros acreditavam ter uma vida digna, onde poderiam retomar sua religião) no interior do país; sendo o mais popular o Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas, possibilitou o desenvolvimento das macumbas (nome que engloba as formas de culto africanos). Umbundos, quimbundos, dentre outras tribos de África que deu origem as práticas religiosas com nomes similares.
A cultura yorubá foi a mais importante das culturas negras trasladadas ao Brasil, mas foi somente em fins do século XIII e começos do XIX que o reino dos Yorubás começou a fornecer regularmente negros para o mercado de escravos. Essa massa de negros foi introduzida na Bahia e lá tomou a denominação geral de NAGÔS, termo que davam os franceses aos negros da Costa dos Escravos que falavam a língua yorubá.
Religiões e cultos, folclores, música e dança, língua... todos esses elementos culturais foram transportados para o Brasil pelos negros nagôs, dominando as outras culturas negras aqui introduzidas.
Carga do Navio Negreiro
Os navios negreiros saíam de África carregados de escravos. Quando a ração diária não era bem calculada ou por causa de pragas era perdida; então o capitão tinha de se livrar do excesso. Acorrentavam alguns escravos e os precipitavam no mar.
Geralmente trocavam de navio, num entreposto, davam a “bênção romana” e nomes aos escravos, com o intuito de não chamar a atenção dos ingleses que patrulhavam os mares para acabar com a escravidão. Aqueles que conseguiam chegar com vida a colônia brasileira tinham de lidar com a vida de privação, sem qualquer direito ou dignidade e de resignação.
Aflições
·
Era comum o uso de grandes e pesadas correntes de ferro ao pescoço, com o objetivo de evitar fugas, causar dor, desconforto e sufocamento.
· Fugir sempre foi um desafio; pois corriam o risco de serem pegos e punidos. Pior ainda era a possibilidade de serem dilacerados pelos cachorros assassinos das propriedades.
· Para identificar suas “propriedades”, os senhores de escravos, os marcavam com ferro quente. Servia também como punição.
· Existiam escravos obrigados a usar a famigerada máscara de ferro por dias. Isso trazia queimaduras e grandes cicatrizes; crises de pânico e ansiedade, além de um extremo desconforto.
· Depois da punição pelo látego do feito, alguns escravos tinham suas feridas esfoliadas com sal ou limão para causar grande dor.
· A mutilação era outra aflição usada para engendrar medo nos escravos desobedientes. Aqui aconteciam amputações, mutilações genitais, entre outras torturas cruéis.
Colocados na rua sem qualquer amparo
Historiadores já tiraram o abuso da credulidade popular em relação à farsa da abolição da escravatura. O corpo docente omite, em seu processo pedagógico, a verdade de que em 1881, o governo brasileiro já financiava a vinda de europeus ao país para substituir os negros escravizados; isso como mão de obra remunerada.
Em 1888 (ano da abolição) também chegaram 90 mil imigrantes financiados pelo governo brasileiro para ocupar as lacunas dos 107 mil escravos registrados na época, que foram despejados nas ruas e empurrados para os montes e periferias das cidades, onde seus descendentes permanecem até hoje sem indenização. (Fonte revista Raça).
A abolição da escravatura no Brasil constituída há 134 anos (1888 a 2020), deixou os negros numa situação caótica. Apesar de livres, não tinham teto, emprego, alimentação, direitos e nem roupas; porque seus antigos senhores, com raiva, os despediram de suas senzalas para abraçarem os imigrantes, os assalariados.
Atualmente, os negros são vítimas de desigualdade social e racial, violência policial; sofrem com a má distribuição de renda e tem como agravante o sistema político corrupto que faz da miséria popular palanque para sua retórica. A pobreza, da qual boa parte da população brasileira faz parte, tem em seu bojo os afros-descendentes.
Em função do quadro caótico formado, os afros - descendentes dão prioridades a sobrevivência do que ir para a escola. Os vestibulares das universidades públicas cobram conhecimentos da educação básica, coisa em que os negros não estão preparados. A concorrência por vagas nesses Estabelecimentos de Ensino Superior é desleal para com essa parcela da população. Ainda são raros os negros que chegam a se formarem (licenciarem-se).
A questão da negritude está diretamente relacionada ao sangue e não na cor de suas peles. Para os fundamentalistas do grupo White Power (Poder Branco), a “raça superior” não pode ter uma gota do sangue contaminado dos fracos.
O reverendo Dr. Martin Luther King, após a Marcha para Washington, em 28 de agosto de 1963, na escadaria do Monumento a Lincoln, na própria capital americana, no seu célebre discurso – I Have a Dream (Eu tenho um Sonho), para 250 mil pessoas, disse:
"(...) Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma
nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! (...)”
“(...) De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens,sim,os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. (...)"
Os negros dos Estados Unidos se mobilizaram para reivindicar os mesmos direitos dos brancos. Eles lutaram para isso. Vide Malcom X, mais radical na luta pelos negros, fundou a Organização para a Unidade Afro – Americana, de inspiração socialista. Defendia a luta armada e foi um dos ícones do Movimento Negro nas décadas de 50 a 60, servindo de modelo para os adeptos do Partido Pantera Negra para Auto - Defesa. Vários mártires nasceram nesse período em função da luta armada deflagrada por esses partidos.
A consciência dos valores dos afros – descendentes se deu de uns anos para cá no Brasil. A História dos negros foi escrita neste país pelas gerações dos brancos. Muita coisa se perdeu, inclusive registros. Agora com o renascimento do orgulho negro, principalmente dentro da juventude de descendência africana; até por carregar o fardo de seus antepassados, a viverem uma vida tacanha, comedida e sem esperanças.
Faculdades, Associações Comunitárias, Igrejas Evangélicas (estas, por sua referência à história homóloga afro – americana; principalmente pelo gospel) estão a incentivar esse bucolismo – um retorno ao pensamento: O que é ser negro? De onde são? E quais contributos deram a esse país, a essa sociedade? Qual o seu papel hoje, como indivíduo conhecedor dessa verdade?
Muitos historiadores e defensores da causa do negro enfatizam a religião sincretista afro-brasileira derivada de práticas místicas e animistas como a única identidade dos afro – descendentes ou o expoente da cultura negra.
Judeus Negros
O continente africano é uma colcha de retalhos de várias religiões. Até pensamentos monoteístas, como o judaísmo, são encontrados em África. A rainha de Sabá (que absorveu a filosofia de Salomão), é um exemplo disso. Acredita-se que os judeus negros – chamados Beta – Israel –, são descendentes dessa rainha e foram encontrados na Etiópia.
Escravidão à lá “Tio Sam”
O trabalho no campo - plantation - era duro. Os negros africanos, escravos nos latifúndios sulistas, foram evangelizados e abraçaram a fé no Senhor Jesus, se indentificando com o sofrimento do povo de Israel, que fora escravo no Egito.
Cadenciavam o trabalho através de canções, respondendo a perguntas feitas pelo feitor que os vigiava. Tal método era apreciado pelos proprietários, pois racionalizava o trabalho, garantindo o bom andamento da produção.
O canto de um escravo solitário era algo impressionante: um grito espontâneo de alegria, oprimido, longo e altissonante, rompendo-se às vezes em falsetes, ecoava tal qual um toque de corneta. Tomou o nome de hollers.
Essa característica pertencia aos negros sulistas, uma herança de seus antepassados africanos, e definiu o spiritual, o blues e o jazz.
“Os negros das plantações cantam trabalhando. Eu afirmo: há mais alegria de viver e felicidade sem nuvens entre os escravos do Sul que em qualquer outra população laboriosa do globo”, declarou o congressista Daniel C. De Jarnette, voltando de uma viagem às plantações do Sul em 1860 (extraído do livro Blues, de Gérard Herzhaft).
“Nigro Spirituals” eram os cantos coletivos dos escravos, inspirados nos hinos cantados na igreja, onde expressavam os seus sentimentos (dor, miséria e resignação) com criatividade e improviso que lhes é próprio.
Os escravos americanos, que se identificaram com a escravidão do povo hebreu registrada na Bíblia Sagrada, assimilaram a fé evangélica. Isso trouxe paz, conforto, esperança de dias melhores e a salvação de suas almas. A liberdade de expressarem seus sentimentos para Deus foi o que deu origem a música gospel, aos lindos corais.
No Novo Mundo foram fundadas escolas de canto, as quais mantinham o ardor reformista - o primeiro a influenciar a música norte-americana. Os professores dividiam seus esforços entre comunidades diferentes, pois eram poucos. Levavam consigo seu livro de canções e seu diapasão, de aldeia em aldeia.
Surgiram os corais das igrejas batistas, cujos hinos - Spirituals - eram rigorosamente fundamentados na Bíblia. Willian Billing (1746 - 1800), foi um músico autodidata e dos mais conceituados professores de canto. Nascido em Boston, curtidor de profissão, publicou uma coleção de Salmos e hinos de sua própria autoria.
As primeiras igrejas negras foram formadas no século XVII, por negros livres. Eles eram impedidos de cultuar nas igrejas denominadas brancas, especialmente no Sul dos EUA. Hoje, algumas servem seus espaços para organização da sociedade e escola, isso, desde os primeiros anos após a Guerra Civil.
Retorno ao Brasil
De qualquer forma precisa-se considerar o valor simbólico da abolição da escravatura no Brasil e conscientizar os descendentes desses escravos, do seu lugar na sociedade brasileira e na História de seu país. É preciso acabar com o preconceito sócio – econômico latente na sociedade atual, pois é a nova escravidão.
O Governo está sempre a empurrar quem é considerado sujeira pra debaixo do tapete. Vide o que fizeram na Favela da Providência, no final do século XIX e começo do século XX, por exemplo: A favela mais antiga do Rio de Janeiro recebeu primeiramente os militares vindos da Guerra dos Canudos. Quando estavam na Bahia, moravam num morro chamado de Favela; por isso, ao irem para antigo estado da Guanabara, batizaram inicialmente sua localização de Morro da Favela.
Por volta de 1893, quando o então prefeito Barata Ribeiro mandou acabar com os cortiços da cidade, eram aproximadamente 600, dentre eles o mais famoso, conhecido por Cabeça de Porco. Os moradores desse último cortiço, foram orientados a levarem as madeiras de suas antigas casas para servirem de parede ou divisória na construção de seus barracos (surgimento deles) na Favela da Providência (como ficou conhecido o Morro da Favela).
Militares, negros e pobres constituíram a heterogênea sociedade do morro. No fim do ano de 1910, o Morro da Providência era considerado o lugar mais violento do Rio de Janeiro. Tiraram as pessoas dos cortiços jogando-as para as encostas, “limparam” assim o espaço em que a aristocracia carioca transitava.
Por ironia as autoridades criticam as pessoas que moram nas encostas dos morros, pois são lugares de risco, em função dos deslizamentos tão comuns hoje; mas foram eles os responsáveis por essas pessoas estarem a residir lá.
É preciso dar um basta no comodismo, acabar com as desculpas – “Não posso!”; “Não consigo!”; “Sou pobre!”; “Sou negro!”, ... É preciso pensar grande! Tudo o que tem de ser feito é dar o primeiro passo. Com base nos erros do passado, pode-se fazer um futuro melhor. Assumir sua negritude, sem qualquer peso de vergonha. A vitória ou a derrota está dentro de cada um.
Lembramos que a cultura dominada, como dizem, influenciou e mudou a história da música mundial. Estilos como o Hip Hop, Reggae e o próprio rock, tem sangue negro na sua criação e desenvolvimento.
Somente Deus pode trazer a união dos povos, pois Ele trabalha primeiro dentro de cada indivíduo para depois construir o mundo ao seu redor. Fomos todos feitos à imagem de Deus!
“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gênesis 1: 26 ao 28).
“O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22: 39).
“Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1 João 2: 11).
In English
It happened on May 25, 2020, during the coronavirus pandemic, the murder of the African American, George Floyd, 46, by the hands, or rather, knees of a white policeman, from Minnesota, USA.
The Minnesota policeman held Floyd's breath for about eight minutes, pressing his neck against the floor with one knee, without respecting his request to let him go. "I can't breathe," he said, several times. This was heard and seen in an amateur video, made by a cell phone.
Derek Chauvin, the murderous police officer, was arrested on May 29, 2020, having already been charged with third-degree murder. He acted against Floyd for trying to use a counterfeit $ 20 bill. In the agent's history there were 17 complaints, 16 of which were filed.
Violent protests reveal the American community's revolt and tension against racism. In Los Angeles, for example, three police cars were set on fire; in New York, according to "Bloomberg", the protesters went to a police station, blocked the streets and confronted the police; in Atlanta, there were conflicts between protesters and police outside CNN's headquarters, which was damaged; in Washington, thousands of people gathered outside the White House.
Facts like that in the USA are no different from what happens in Brazilian territory. This reveals the prejudice virus still within today's modern and globalized society. Man has managed to tame aquatic, land and air animals, but he has not yet learned how to tame himself!
History does not tell the deeds of the heroes of the dominated cultures. Well written Bertold Brech:
“Who built Thebes from the seven doors? The books contain the names of kings. Did the kings drag the stone blocks? And Babylon so many times destroyed
who raised many others? In which houses of the golden radiant file did the builders live? Where did the masons go the night the Wall of China was ready? Greater Rome is full of arches of triumph (...) ”.
We celebrated, on April 21 (national holiday), the day of Tiradentes, the ensign forerunner of independence; but we do not remember the 20th of November, the day of the death of Zumbi dos Palmares (capoeirista and leader of the black resistance).
In the latter, the ideal of freedom evoked is that of a Negro (dominated culture) who led and gave his life for Quilombo dos Palmares (in the region of the State of Alagoas) - for Liberdade. Janga Angola, as the quilombo was known, signaled the possibility of being happy and living on equal terms.
Who worked in the cane fields for so long supporting the economy of the Portuguese Colony? Who sowed the coffee seedlings making São Paulo a national power? Who supported the vanities of the Brazilian nobility and the Royal family, when they were transferred to the colony; still under the ‘heat’ of the overseer’s whip?
For generations, blacks gave their lives so that their dominants would have perks. History, written by whites, omitted the responsibility of building their dreams at the hands of enslaved peoples.
Talking about the abolition of slavery in Brazil is the same as talking about D. Pedro I proclaiming the country's independence on the banks of the Ipiranga Stream. Everything is just a beautiful story to decorate the history of this country. There is nothing beautiful about it. To be more direct is a scam!
Unfortunately, schools repeat the discourse of the dominant elite, as if they were theirs, and alienate children (the future) with their fables. Was the metropolis really concerned with those who lived here? Or were there interests behind it?
On September 7, on his return from Santos, by the banks of the Ipiranga Stream, D. Pedro received two letters: one from José Bonifácio de Andrade e Silva (patron of independence and Grand Duke of Freemasonry), who ordered him to break with Portugal , and the other by Maria Leopoldina of Austria, his wife, supporting the minister's decision and exhorting: "The Snitch is ripe, pick it now, otherwise it will rot". What is perceived here?
As clear as clear water, a member of the royal family under Masonic orders, manipulated by the diverse interests of a dominant group (England and its allies). Thus, only Brazil's political independence was proclaimed. This would give the country the right to freely negotiate its products with others and to enact laws to consolidate itself as a sovereign nation. Indirectly, the metropolis continued to dominate its Brazilian 'colony' and, in turn, was being manipulated by the British.
Likewise, Princess Isabel, daughter of Brazilian imperialism, together with the minister of agriculture at the time, advisor Rodrigo Augusto da Silva, son of Brazilian aristocrats, co - author of the law; distant from the needs, suffering and pain of blacks; suddenly, willingly, he frees all slaves through the Golden Law. Law that was approved on May 13, 1888, with the signature of the regent of Brazil, Princess Isabel. Charity?
We have not heard in schools about the Bahian Uprising; the life of Ganga Zumba or even his nephew Francisco, better known by the nickname Zumbi. History has always favored “pharaohs” over slaves.
History
In the first sugar cane mills of the captaincy of São Vicente, black Africans worked, according to the opinion of several historians. Some authors also believe that the caravel found by Martim Afonso de Souza, in Bahia, in 1531, was already used in the slave transport service.
With the development of the culture of sugar cane, the metropolis granted to each master of mill the privilege of introducing African slaves from Guinea and the island of São Tomé, in the number of 120 for each mill. Such permission had the support of the Catholic Church, which restored the ‘soul’ to the Indians (formerly enslaved, for not having ‘soul’, according to the Roman Institution), replaced by blacks; these, now, without ‘soul’, therefore, being able to be enslaved.
The traffic continued. Not only in Bahia and São Vicente, but in all captaincies, an alluvium of black slaves arrived, coming from Guinea, Congo, São Tomé, Costa da Mina, and later from Mozambique, Angola and other points from Africa.
From colonial times to the present, there were popular designations from Nagô, Mina, Angola, Mozambique and others, which vaguely indicated the points on the African continent from which blacks came. For the white master, there were no black people, only black slaves.
Slave masters brought together blacks from different regions of Africa, in order to hinder communication between them. They thought that this would prevent a possible revolt. Over time the sons of the slaves developed a dialect to establish communication and the differences that existed from one tribe to another were forgotten.
The generations that followed gave more work to their masters. With a new dialect, forgotten differences and the desire for boiling freedom, they made capoeira (a dance of religious origin) their weapon and taught their children this self-defense. Numerous escapes allowed the contact of blacks with the Indians, expanding the knowledge of forests, the interior of the continent.
The establishment of quilombos (organized society, in which many blacks believed they had a dignified life, where they could resume their religion) in the interior of the country; the most popular being Quilombo dos Palmares, located in Alagoas, made possible the development of macumbas (a name that includes African forms of worship). Umbundos, quimbundos, among other tribes in Africa that gave rise to religious practices with similar names.
The Yoruba culture was the most important of the black cultures transferred to Brazil, but it was only at the end of the 13th century and beginning of the 19th that the kingdom of the Yoruba began to regularly supply blacks to the slave market. This mass of blacks was introduced in Bahia and there took the general name of NAGÔS, term
that the French gave to the blacks from the Costa dos Escravos who spoke the Yoruba language.
Religions and cults, folklore, music and dance, language ... all these cultural elements were transported to Brazil by black Nagô, dominating the other black cultures introduced here.
Loading of the Black Ship
The slave ships left Africa loaded with slaves. When the daily ration was not well calculated or because of pests it was lost; so the captain had to get rid of the excess. Some slaves were chained and rushed into the sea.
They usually switched ships, in a warehouse, gave the "Roman blessing"and names to the slaves, in order not to attract the attention of the English who patrolled the seas to end slavery. Those who managed to reach the Brazilian colony alive had to deal with a life of deprivation, without any right or dignity and resignation.
Afflictions
• It was common to use large and heavy iron chains around the neck, in order to prevent leakage, cause pain, discomfort and suffocation.
• Running away has always been a challenge; because they were in danger of being caught and punished. Even worse was the possibility of being torn apart by the killer dogs on the properties.
• To identify their “properties”, the slave owners, marked them with hot iron. It also served as a punishment.
• There were slaves forced to wear the infamous iron mask for days. This brought burns and large scars; panic and anxiety attacks, as well as extreme discomfort.
• After the punishment for the whip of the deed, some slaves had their wounds exfoliated with salt or lemon to cause great pain.
• Mutilation was another affliction used to engender fear in disobedient slaves. Amputations, genital mutilation, and other cruel tortures took place here.
Placed on the street without any protection
Historians have taken away the abuse of popular credulity in relation to the farce of the abolition of slavery. The teaching staff omits, in its pedagogical process, the truth that in 1881, the Brazilian government already financed the arrival of Europeans in the country to replace the enslaved blacks; this as paid labor.
In 1888 (the year of abolition) 90,000 immigrants financed by the Brazilian government also arrived to fill the gaps of the 107,000 registered slaves at the time, who were evicted on the streets and pushed into the hills and peripheries of the cities, where their descendants remain today without indemnity. (Source magazine Raça).
The abolition of slavery in Brazil, established 134 years ago (1888 to 2020), left blacks in a chaotic situation. Although free, they had no roof, no job, no food, no rights and no clothes; because their old masters angrily dismissed them from their slave quarters to embrace the immigrants, the wage earners.
Currently, blacks are victims of social and racial inequality, police violence; they suffer from the poor distribution of income and their aggravating factor is the corrupt political system that makes popular misery a platform for their rhetoric. Poverty, of which a good part of the Brazilian population is a part, has Afro-descendants at its core.
As a result of the chaotic situation, Africans - descendents give priority to survival rather than going to school. The entrance exams of public universities demand knowledge of basic education, something in which blacks are not prepared. Competition for vacancies at these Higher Education Institutions is unfair to this portion of the population. It is still rare for blacks to graduate (to graduate).
The question of blackness is directly related to blood and not to the color of their skins. For fundamentalists of the White Power group, the “superior race” cannot have a drop of the contaminated blood of the weak.
The Rev. Dr. Martin Luther King, after the March to Washington, on August 28, 1963, on the steps of the Lincoln Monument, in the American capital itself, in his famous speech - I Have a Dream, for 250 thousand people said:
"(...) I have a dream that my four little children will one day live in a
nation where they will not be judged by their skin color, but by the content of their character. I have a dream today! (...) "
“(...) In a way, we came to our nation's capital to exchange a check. When the architects of our republic wrote the magnificent words of the Constitution and the Declaration of Independence, they were signing a promissory note to which every American would be their heir. This note was a promise that all men, yes, black men, as well as white men, would have guaranteed the inalienable rights of life, freedom and the pursuit of happiness. (...) "
Blacks in the United States mobilized to claim the same rights as whites. They fought for it. See Malcom X, more radical in the struggle for blacks, founded the Socialist-inspired Organization for African American Unity. He defended armed struggle and was one of the icons of the Black Movement in the 50s and 60s, serving as a model for the supporters of the Black Panther Party for Self - Defense. Several martyrs were born in this period due to the armed struggle unleashed by these parties.
Awareness of the values of Africans - descendants occurred in Brazil for a few years. Black history was written in this country by white generations. Much has been lost, including records. Now with the revival of black pride, mainly within the youth of African descent; even for carrying the burden of their ancestors, to live a narrow, restrained and hopeless life.
Colleges, Community Associations, Evangelical Churches (these, due to their reference to African American homologous history; mainly for gospel) are encouraging this bucolism - a return to the thought: What is it to be black? Where are they from? And what contributions did they make to that country, to that society? What is your role today, as an individual who knows this truth?
Many historians and supporters of the black cause emphasize the Afro-Brazilian syncretist religion derived from mystical and animistic practices as the sole identity of Afro-descendants or the exponent of black culture.
Black Jews
The African continent is a patchwork of various religions. Even monotheistic thoughts, like Judaism, are found in Africa. The queen of Sheba (who absorbed Solomon's philosophy) is an example of this. Black Jews - called Beta - Israel - are believed to be descendants of this queen and were found in Ethiopia.
Slavery there "Uncle Sam"
The field work - plantation - was hard. Black Africans, slaves in the southern estates, were evangelized and embraced faith in the Lord Jesus, identifying with the suffering of the people of Israel, who had been a slave in Egypt.
They beat their work through songs, answering questions asked by the overseer who watched them. This method was appreciated by the owners, as it streamlined the work, ensuring the smooth running of production.
The singing of a lone slave was impressive: a spontaneous cry of joy, oppressed, long and loud, sometimes breaking in falsetto, echoed like a horn blast. It took the name of hollers.
This characteristic belonged to southern blacks, a heritage from their African ancestors, and defined spiritual, blues and jazz.
“The blacks from the plantations sing at work. I say: there is more joy in life and happiness without clouds among slaves in the South than in any other industrious population on the globe”, declared Congressman Daniel C. De Jarnette, returning from a trip to the southern plantations in 1860 (extracted from the book Blues, by Gérard Herzhaft).
"Nigro Spirituals" were the collective songs of the slaves, inspired by the hymns sung in the church, where they expressed their feelings (pain, misery and resignation) with creativity and improvisation that is their own.
American slaves, who identified with the slavery of the Hebrew people recorded in the Holy Bible, assimilated the evangelical faith. This brought peace, comfort, hope for better days and the salvation of their souls. The freedom to express their feelings to God was what gave rise to gospel music, beautiful choirs.
Singing schools were founded in the New World, which maintained the reformist ardor - the first to influence American music. Teachers divided their efforts between different communities, as there were few. They took their songbook and tuning fork with them from village to village.
The choirs of Baptist churches appeared, whose hymns - Spirituals - were strictly based on the Bible. William Billing (1746 - 1800), was a self-taught musician and one of the most respected singing teachers. Born in Boston, a tanner by profession, he published a collection of Psalms and hymns of his own making.
The first black churches were formed in the 17th century by free blacks. They were prevented from worshiping in so-called white churches, especially in the southern United States. Today, some serve as spaces for the organization of society and schools, that is, since the first years after the Civil War.
Return to Brazil
In any case, it is necessary to consider the symbolic value of the abolition of slavery in Brazil and make the descendants of these slaves aware of their place in Brazilian society and the history of their country. It is necessary to put an end to the socio - economic prejudice latent in today's society, as it is the new slavery.
The Government is always pushing who is considered dirt under the rug. See what they did in the Favela da Providência, in the late 19th and early 20th centuries, for example: The oldest favela in Rio de Janeiro first received the military from the Canudos War. When they were in Bahia, they lived on a hill called Favela; therefore, when they went to the old state of Guanabara, they initially named their location Morro da Favela.
Around 1893, when the then mayor Barata Ribeiro ordered the end of the city's tenements, there were approximately 600, among them the most famous, known as Cabeça de Porco. The residents of this last tenement were instructed to take the wood from their old houses to serve as a wall or partition in the construction of their shacks (their appearance) in the Favela da Providência (as Morro da Favela became known).
Military, black and poor formed the heterogeneous society of the hill. At the end of 1910, Morro da Providência was considered the most violent place in Rio de Janeiro. They took people out of the tenements by throwing them to the slopes, thus "cleaning" the space in which the aristocracy of Rio was passing.
Ironically, the authorities criticize people who live on the hillsides, as they are places of risk, due to the landslides so common today; but they were responsible for those people being residing there.
It is necessary to put a stop to complacency, to end the excuses - “I can't!”; "I can not!"; "I'm poor!"; “I'm black!”, ... You have to think big! All that has to be done is to take the first step. Based on past mistakes, a better future can be made. Assume your blackness without any weight of shame. Victory or defeat is within everyone.
We remember that the dominated culture, as they say, influenced and changed the history of world music. Styles like Hip Hop, Reggae and rock itself, have black blood in their creation and development.
Only God can bring people together, for He works first within each individual and then builds the world around them. We were all made in the image of God!
“God also said: Let us make man in our image, according to our likeness; let him have dominion over the fish of the sea, over the birds of the sky, over domestic animals, over the whole land, and over all the reptiles that crawl across the land. So God created man in his image, in the image of God he created him; man and woman created them. And God blessed them and said to them: Be fruitful, multiply, fill the earth and subdue it; dominate over the fish of the sea, over the birds of the sky and over every animal that crawls across the earth ”(Genesis 1: 26-28).
“The second, similar to this, is: You will love your neighbor as yourself” (Matthew 22: 39).
"But he who hates his brother is in darkness, and walks in darkness, and does not know where he is going, because darkness has blinded his eyes" (1 John 2: 11).